1ª Festa Literária de Malhada de Pedras transforma a cidade em centro cultural do Sertão da Ressaca
- Jaquissom Biblioteca
- 28 de abr.
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Atualizado: 29 de abr.

Primeiro dia do evento reuniu grupos tradicionais, músicos e poetas em celebração à memória e tradições locais
A primeira edição da Festa Literária de Malhada de Pedras (Flimp) começou em grande estilo nesta quarta-feira (23), transformando as ruas do centro da cidade em um palco cultural e artístico. O evento, que segue até o sábado (26), celebra a literatura popular, a diversidade cultural baiana e as expressões artísticas do Sertão Produtivo da Bahia, com uma programação repleta de atrações teatrais, musicais e literárias.
A partir das 16h, às ruas malhada-pedrenses se encheram de energia com o desfile das tradicionais fanfarras estudantis e grupos culturais estudantis, em uma celebração que uniu melodias contemporâneas com a marcialidade das bandas filarmônicas, reforçando tradições e identidades regionais.
Abrindo as apresentações da Feira, a Fanfarra Estudantil de Malhada de Pedras (FEMP), a Fanfarra Municipal de Aracatu (FAMAC) e a Fanfarra CRT - Colégio Municipal Clemente Rodrigues Teixeira, do povoado de Várzea Grande, em Caculé-BA, chegaram com tambores, coreografias e o entusiasmo típico das bandas marciais. Os grupos, formados em sua maioria por estudantes da rede pública de ensino, transformaram o final da tarde desta quarta-feira em um espetáculo. Sua presença na abertura da FLIMP, evidenciou o papel da escola como espaço de formação cultural, incentivando talentos e preservando manifestações populares.
Logo em seguida, as tradicionais Caretas malhada-pedrenses, figuras icônicas do folclore local, tomaram a Rua Padre Ladislau Klener, no centro da cidade, com seu melhor estilo: um jipe que deixava rastros de fumaça colorida e animava o público presente.

A noite surgiu e junto a ela, três grupos de reisados do município se apresentaram: Folia de Reis Fura Olho; Grupo Folia de Reis Valdo Monteiro da Beira do Rio; e o Grupo Folia de Reis Vereda, que encantaram o público com versos e sambas que narram histórias ancestrais, mantendo viva a cultura popular.
Destaque para o Folia de Reis Fura Olho, grupo com mais de 60 anos de história originário de Campo Largo (Malhada de Pedras). Fundado por Custódio Alves Coqueiro, o grupo mantém viva a tradição de percorrer casas entre 1º e 6 de janeiro anualmente, encerrando com uma grande festa para a comunidade.

Ailton e Cristiane Coqueiro, membros do grupo, destacaram a importância da FLIMP: “É uma honra estar aqui, mostrando nossa cultura. A Feira ajuda a preservar e divulgar essa tradição", disse Cristiane. Ailton completou: “Nossa música é resistência, é família. Quando cantamos, levamos história e fé adiante". O grupo apresentou um samba e uma melodia, com 12 integrantes no palco.
Seguindo a programação, o espetáculo "O Teatro é de Cordel", do artista Marcos Duarte, levou ao público uma mistura de dramaturgia e poesia popular. Paulinho Jequié, cantor, compositor, ator, poeta e declamador do sudoeste baiano, também subiu ao palco com um repertório que mescla forró, samba e ritmos regionais, animando a noite.

Na solenidade de abertura, as autoridades presentes reforçaram o valor da Flimp para o município e região. O prefeito Carlos Roberto Santos da Silva, conhecido como Beto de Preto Neto, afirmou: "A cultura é a forma de comunicar e dizer quem a gente é". Também estiveram presentes o professor Ramon Lobo, diretor do NTE-13 (Núcleo Territorial de Educação); Joice Paixão, presidente do Conselho Estadual do Livro e da Leitura, representando a secretária da Educação do Estado, Rowena Brito; Maria Zélia Aguiar, proponente do projeto da FLIMP; o curador da Feira, Jackson Guimarães; e Sandro Magalhães, diretor-geral da Fundação Pedro Calmon, representando o Governo do Estado. A primeira-dama Eliana Neves e vereadores do município também prestigiaram o evento.
Durante a cerimônia, Joice Paixão lembrou a data simbólica: "Hoje é o Dia Mundial do Livro, e a Flimp marca o início do ciclo de feiras literárias do estado da Bahia. Parabéns a todos os envolvidos". O curador Jackson Guimarães refletiu: "Sempre acreditei no poder da palavra. É através dela que criamos mundos, e é com ela que realizamos esta feira". Finalizando as falas das autoridades presentes, Sandro Magalhães, declarou aberta a Feira Literária De Malhada de Pedras.

Fechando a programação de abertura do primeiro dia, às 22h, os artistas locais Ró do Capinal e Néia Malta terminaram a noite do primeiro dia de FLIMP com muito forró, uma musicalidade que traduz a essência do sertão.
A Flimp é uma realização do Governo do Estado da Bahia, por meio das Secretarias de Educação e Cultura, com apoio da Fundação Pedro Calmon. O evento foi contemplado no Edital Bahia Literária, reforçando o compromisso com o fomento à cultura e à educação no estado. Além das atrações artísticas, a feira conta com exposições, bate-papos literários e oficinas, valorizando autores regionais e manifestações culturais da terra.
A feira segue até sábado (26) com uma vasta agenda de palestras, lançamentos e apresentações culturais. A primeira Festa Literária de Malhada de Pedras firma-se como marco na valorização de outras formas de baianidade, um tributo à cultura do Sertão Produtivo da Bahia e uma abertura de espaços de expressão por meio da arte e da palavra.
Texto: Caetano Argôlo
Fotos: Lua Ife e Igor Chaves
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